Uma das principais dúvidas dos brasileiros atualmente é sobre a atuação e a eficácia das vacinas disponíveis nas unidades de saúde. Por causa de muita desinformação, fake news, e outros fatores, muita gente tem tido “preferência” por essa ou aquela vacina.
Bem, a verdade é que todas as vacinas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são seguras e eficazes no combate ao Covid-19. Atualmente o Brasil aplica todos os dias milhares de doses das vacinas da Pfizer (BioNTech), AstraZeneca (Fiocruz) e CoronaVac (Butantan). A CoronaVac e a AstraZeneca chegaram ao Brasil em janeiro.
A Pfizer foi a primeira a receber registro definitivo pela Anvisa. A vacina Janssen, da marca Johnson & Johnson, é a única aplicada em dose única e chega no Brasil nesta semana. Mas qual é a diferença entre elas? Como cada uma delas age em nosso organismo? Neste artigo vamos explicar as diferentes tecnologias empregadas em cada um delas.
As vacinas da Astrazeneca/Fiocruz são uma das mais aplicadas
A vacina foi produzida pela Universidade de Oxford e pela empresa farmacêutica britânico-sueca Astrazeneca, e tem o nome oficial de ChAdOx1 nCoV-19. No Brasil, a vacina é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem parceria com os produtores do imunizante. O ingrediente farmacêutico ativo (IFA) usado no país é produzido pelo laboratório Wuxi Biologics, na China.
Em janeiro, a Astrazeneca teve o uso emergencial aprovado. Em março, a Anvisa concedeu o registro definitivo ao imunizante produzido pela Astrazeneca e pela Fiocruz. Segundo a Anvisa, a vacina da Oxford/Astrazeneca apresentou 64,2% de eficácia contra a Covid-19 nos estudos clínicos realizados no Brasil. A eficácia do imunizante, de acordo com a situação, varia entre 30,6% e 81,5%.
A vacina da AstraZeneca usa um adenovírus comum em chimpanzés. Essa é uma tecnologia que utiliza o chamado “vetor viral”. Esse vírus é modificado e leva para as células do indivíduo vacinado um material genético capaz de produzir uma proteína do Sars-Cov-2, chamada de “S”, de Spike, que é usada pelo coronavírus para invadir as células.
Esse material estranho faz a defesa do corpo começar a produzir defesas para barrar o vírus. Dessa forma, se o coronavírus realmente infectar a pessoa, o corpo já sabe responder de forma rápida e impedir que a pessoa adoeça. O intervalo entre as duas doses varia entre 2 a 3 meses. O Ministério da Saúde seguirá o protocolo e irá aplicar a segunda dose após três meses.
A Astrazeneca-Fiocruz é armazenada em temperaturas normais de refrigeração entre 2 °C e 8 °C por pelo menos seis meses, o que facilita o transporte e a aplicação.
Efeitos colaterais da AstraZeneca geram memes no Brasil
É esperado que a vacina cause uma reação de defesa no organismo, isso quer dizer que o corpo está em alerta, criando anticorpos para combater o organismo estranho que nos foi injetado, e isso é normal e esperado, por tanto não entre em pânico!
A da AstraZeneca-Fiocruz é uma das vacinas que têm gerado memes pelos seus efeitos colaterais, embora não sejam graves, causam um certo desconforto no braço (onde ela foi aplicada), febre baixa, ou média, e um certo cansaço. O que faz com que o brasileiro faça piadas sobre ela, dizendo que a AstraZeneca imuniza o brasileiro na “base da paulada”.
Brincadeiras à parte, a vacina é extremamente segura, sendo aplicada na Inglaterra e em dezenas de outros países como os EUA. Alguns estudos já mostram a eficácia das vacinas contra Covid-19 em relação às novas variantes. O resultado de estudos mostra que a AstraZeneca-Fiocruz é 75% eficaz contra a variante do Reino Unido e apresenta uma resposta menor, mas ainda relevante, em relação a outras variantes.
Coronavac: a primeira vacina a ser aplicada no Brasil pelo Butantan
A vacina Coronavac é produzida pela biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech. A empresa produz outros imunizantes para Hepatite A e B, influenza e caxumba. No Brasil, o Instituto Butantan fechou parceria com o laboratório para importar o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) e produzir as doses em São Paulo.
A Anvisa autorizou, em janeiro, o uso emergencial da Coronavac produzida pela Sinovac e importada ao Brasil e também do imunizante fabricado pelo Butantan com IFA estrangeiro. Em estudos realizados no Brasil com profissionais da saúde, a Coronavac mostrou ter uma eficácia geral de 50,38%. Essa porcentagem é medida comparando-se os números entre aqueles que receberam a vacina e os que tomaram placebo. A eficácia para casos leves, em pacientes que precisam receber alguma assistência médica, é de 77,96%.
A Coronavac do Butantan usa uma versão inativada do coronavírus. Durante a produção da vacina, o vírus é multiplicado em células e, depois, é exposto a produtos químicos que inativam ele. No momento em que a vacina é aplicada, o vírus é detectado pelo sistema imunológico, que desenvolve anticorpos. Porém, como o vírus é incapaz de se reproduzir, a pessoa não fica doente.
É indicado que a aplicação da segunda dose ocorra em um intervalo de 14 a 28 dias. A Coronavac é armazenada em temperatura de geladeira, entre 2 °C e 8 °C, o que facilita o armazenamento e a distribuição pelo Brasil. Os sintomas relatados por aqueles que participaram dos estudos da Coronavac foram dor e inchaço no local de aplicação da dose, fadiga e dor de cabeça.
A Coronavac é produzida com o vírus inativado contendo todas as partes. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente e pode proteger contra as variantes. Segundo dados divulgados pela Sinovac recentemente, o imunizante protege contra as variantes de P.1 (Manaus), P.2 (Rio de Janeiro) e N9. Os testes utilizaram 12 cepas e a vacina mostrou uma variação na eficácia entre 80% e 100%.
A Pfizer é a mais eficaz entre as vacinas aplicadas no Brasil
A ComiRNAty, conhecida como Pfizer, foi desenvolvida pela empresa alemã BioNtech e produzida pela farmacêutica americana Pfizer. A Pfizer foi a primeira vacina a receber o registro definitivo da Anvisa, em fevereiro. Segundo estudo divulgado pela fornecedora e desenvolvedora da Pfizer, a vacina apresenta 91,3% de eficácia para evitar o contágio pelo coronavírus por pelo menos seis meses após a aplicação da segunda dose. Além disso, previne em 100% os casos graves.
A vacina é desenvolvida com a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mais moderna entre as existentes no mercado. O imunizante “ensina” as células do corpo a produzir os anticorpos para se defender contra o coronavírus. Diferente dos outros laboratórios, a Pfizer não insere o vírus atenuado ou inativo no organismo de uma pessoa, mas ensina as células a produzirem uma proteína que estimula a resposta imunológica.
O intervalo recomendado pelos fabricantes da Pfizer e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 21 dias. Porém, Estados Unidos e Alemanha aplicam a segunda dose em 42 dias e, o Reino Unido, em 84. O governo brasileiro recomendou o mesmo intervalo seguido pelo país inglês, usando como base a alta eficácia da vacina depois da primeira dose.
Armazenamento da Pfizer é o mais exigente entre as vacinas
A orientação inicial era de que a Pfizer precisava ser armazenada em temperaturas entre – 85 °C e -60 °C, o que dificulta a logística de distribuição no Brasil. Enquanto ficam armazenadas pelo Ministério da Saúde, as doses são mantidas em – 85 °C.
A recomendação era de que ao serem distribuídas para os estados, os frascos deveriam ser mantidos em temperaturas entre -25 °C e -15 °C, por no máximo 14 dias. Agora, a Anvisa autorizou que o imunizante seja conservado em temperatura controlada entre 2 °C e 8 °C por até 31 dias.
As reações mais comuns são fadiga, cansaço e febre baixa. Estudos divulgaram que a Pfizer, além de combater a primeira variante que provoca a Covid-19, é eficaz contra a variante brasileira P.1.
Janssen chega nesta semana no Brasil
A vacina Janssen é produzida pelo laboratório farmacêutico Janssen, um braço da gigante norte-americana Johnson & Johnson. A Anvisa aprovou temporariamente para uso emergencial a vacina Janssen no dia 31 de março. A solicitação foi feita pela empresa no dia 24 de março. O órgão de controle concluiu que a vacina protege contra a forma grave da doença e é eficaz para prevenção da Covid-19 em pacientes adultos (acima de 18 anos).
Segundo a Anvisa, o imunizante apresentou 66,9% de eficácia para casos leves e moderados e 76,7% de eficácia para casos graves, após 14 dias da aplicação. Voluntários do Brasil participaram da fase 3 de estudos do imunizante.
A vacina da Janssen é baseada em vetores de adenovírus sorotipo 26 (Ad26), que é um vírus do resfriado comum. O vírus é manipulado em laboratório e carrega parte do código genético do Coronavírus para o corpo. Assim que reconhece a ameaça, o corpo aprende a combater o coronavírus. A Janssen é aplicada em dose única. Depois da aplicação da dose, o corpo leva cerca de 14 dias para produzir uma resposta. A vacina pode ficar armazenada entre 2°C e 8°C por até três meses. Depois de aberto, o frasco pode ser utilizado em até seis horas.
Efeitos colaterais da Janssen segue padrão de outras vacinas
Os efeitos mais comuns são dor e vermelhidão no local da aplicação da vacina, dor de cabeça, cansaço, febre e dor muscular. O risco de causar uma reação alérgica grave é extremamente baixo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.
Segundos estudos preliminares divulgados, os efeitos parecem ser um pouco reduzidos contra a variante B.1.351, da África do Sul, e a variante P.1, do Brasil. Apesar de os anticorpos neutralizantes apresentarem redução no efeito, outras formas de proteção do corpo parecem não sofrer alteração. Além disso, a resposta imune pareceu eficaz contra a variante B.1.1.7, da Grã-Bretanha, e uma variante identificada na Califórnia.
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